SEMENTES

Bem Vindos!

Sempre pensei que escrever é semear idéias.
Aqui vocês encontrarão as sementes que eu já plantei,
que germinaram, cresceram, deram flores e frutos.

Esse Blog é a semente dos frutos colhidos há muito tempo,
elas dormiram na escuridão por longos anos
e agora
eu estou a semeá-las novamente...,
para germinarem, crescerem, florescerem...
e um dia darem seus frutos.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

BASTA DE SALVADORES DA PÁTRIA



Basta de salvadores da pátria

B. BOTANA

O ano de 1993 chegou nas asas da esperança, com o fortalecimento das instituições democráticas. Com
os ânimos acalmados, os brasileiros respiram aliviados. Esse breve interlúdio findará com a proximidade
do plebiscito de 21 de abril, quando a opinião pública começará a ser mobilizada para decidir a futura estrutura governamental do Estado brasileiro.

 Desde o movimento das "Diretas-Já" (1984), soluções mágicas se tornaram uma constante no cenário
 político-econômico do País. O resultado da imprevisãoe do imediatismo cobrou o preço social de 60 milhões. Tem-se culpado o Estado, o Governo, os políticos,os economistas, a inflação e, agora, a corrupção, meros bodes expiatórios do desastre brasileiro. Eatá na hora de encararmos a verdade: nós, cidadãos comuns, somos os únicos culpados. Somos nós que acreditamos em "salvadores da pátria" ou em "milagres" que nos conduzirão, sem esforço, à boa vida de um país de Primeiro Mundo.
O insucesso brasileiro se deve à ausência de planejamento, organização, disciplina e persistência em todos os setores da sociedade. Não se pode construir um edifício onde cada operário só faz o que quer, sem obedeçer a um projeto.

O plebiscito de 21 de abril será uma boa oportunidade para provar o amadurecimento político que aventamos ter adquirido.Recentes pesquisas demonstraram o alto grau de ignorância da população concernente às questões plebiscitárias. O absurdo é que se acredita que uma campanha de esclarecimento de última hora possa suprimir a falta do conhecimento necessário para o julgamento de um assunto tão complexo. Basta dizer que, só em relação ao parlamentarismo - republicano ou monarquista -, existem 21 modelos que poderão ser aplicados, o mesmo se dá quanto ao presidencialismo. Reside nesta questão do "modelo" um grandioso problema, pois, segundo a Constituição de 1988, sua definição só poderá ser feita após o plebiscito na revisão constitucional que se realizará em outubro deste ano. Desse modo, propõe-se que, no plebiscito, o povo escolha uma idéia vazía e indefinida, cuja legislação posterior poderá lhe dar um destino pouco desejado ou de conseqüências imprevisíveis. O correto seria a legislação prévia dos modelos propostos de república parlamentarista, república presidencialista e monarquia constitucional para a devida apreciação popular, consideração essa que não foi nem ao menos cogitada.

O povo brasileiro corre o risco, outra vez, de ser ludibriado pela falta de informação, se não reivindicar
seu direito a inesgotáveis explicações claras, compreensíveis e precisas. Não existe vergonha na igno-
rância, mas sim em permanecer ignorante. Por que não sermos mais racionais que emocionais. só para variar?

O primeiro passo é náo fazer do voto um ato de protesto, mas uma tomada de posição consciente. O segundo será exigir que sejam apresentados, ao menos, os projetos dos modelos das formas e sistemas,
 cujo compromisso de fidelidade se estenderá após a escolha plebiscitária, devendo o projeto de modelo vencedor ser conforme proposto legislado e implantado.

O certo é que só existirá legitimidade nesse plebiscito se os dois pontos acima mencionados forem cumpridos e se houver pleno conhecimento das questões plebiscitárias por toda a população. Se isso não ocorrer, poder-se-á dizer que qualquer resultado obtido referendou, pela ignorância popular, um golpe de
 Estado.

É responsabilidade de cada brasileiro se informar corretamente sobre o plebiscito de 2l de abril, fazer sua escolha livre e arcar com as conseqüências do seu voto. É responsabilidade da "mídia" - televisiva e jornalística - fornecer informações comprometidas com a verdade, que permitpp ao povo tomar uma decisão pensada e não induzida. Só assim seremos dignos da democracia que exigimos e poderemos festejar o início de um novo tempo para o Brasil.







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