SEMENTES

Bem Vindos!

Sempre pensei que escrever é semear idéias.
Aqui vocês encontrarão as sementes que eu já plantei,
que germinaram, cresceram, deram flores e frutos.

Esse Blog é a semente dos frutos colhidos há muito tempo,
elas dormiram na escuridão por longos anos
e agora
eu estou a semeá-las novamente...,
para germinarem, crescerem, florescerem...
e um dia darem seus frutos.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A AMAZÔNIA É NOSSA





Quarta-feira, 21/7/93

A Amazônia é nossa

BIA BOTANA

Mais uma vez, no curto espaço de tempo de dois meses, as Forças Armadas norte-americanas se dedicam a entusiasmados exercícios em campanha na região de fronteira da Guiana com o Brasil. Na ocasião anterior, em maio, foi reativada a antiga base naval norte-americana de Makouria, no rio Essequibo, a 120 km de Georgetown, após uma ausência de mais de 25 anos. Colônia holandesa, a Guiana veio a ser dominada pelos ingleses (1814), tornando-se uma República Independente só a partir de 1970, quando adotou um alinhamento francamente prócomunista. Com a derrocada soviética em l99l e pressionada por uma economia caótica, agravada pelo acordo desvantajoso com o FMI, a Guiana abandonou o socialismo radical e aproximou-se da social-democracia, tendo como padrinho ninguém mais que o ex-presidente dos EUA, o democrata Jimmy Carter. Dessa maneira, ao final de 1992, as portas daquele país foram literalmente abertas para os norte-americanos e agora em 1993 para seu atual presidente, o também democrata Bill Clinton.

Para os leigos, pode parecer uma ingênua coincidência de ações norte-americanas, mas para aqueles versados nos macetes históricos, a situação permite observar uma notável ação estratégica, onde a passos largos caminha-se para um objetivo determinado. E visivelmente acentuada a tendência norte-americana de tornar efetiva a sua presença na América do Sul, como já o fez na América Central com suas bases no Panamá, aqui incurcionando na cobiçada região amazônica. O combate ao narcotráfico, mais precisamente aos cartéis de Medellín e Calli, que possuem rotas com passagem por Paramaribo, capital do vizinho Suriname, seria justificativa mais que louvável para a presença militar dos EUA na Guiana não fosse seu obscuro e latente desejo imperialista sobre a Amazônia.

A verdejante hiléia, designação dada pelo naturalista alemão Humboldt à floresta amazônica, recobre com a delicadeza de uma pele um dos solos mais ricos do mundo, apesar de impróprio à agricultura. São notáveis seus r€cursos minerais, onde pode-se encontrar não só ouro, diamante, bauxita, cassiterita, cobre, mas muito mais. Por outro aspecto, a diversidade de vegetais existentes, muitos dos quais ainda desconhecidos, aguça a comunidade científica internacional, que crê ser possível encontrar entre eles a cura da AIDs, do câncer e outras doenças.

A Amazônia tem a sua maior parte, 5 milhões de km2, em solo brasileiro, correspondendo a 60% deste. Ora, é em razão disso que orgulhosamente o brsileiro diz: "A Amazônia é nossa!" Apesar deste mesmo brasileiro, quase sempre, não estar nem aí com a Amazônia, fazendo tal expressão de posse da boca para fora. O mesmo acontece com os políticos e governantes, seja em nível federal, estadual ou municipal, muito mais preocupados em fazer reles politicagem. Quando se interessam, ou estão de olho nas verbas - no quanto poderão pôr no bolso -, ou estão de olho nas urnas - nos votos que irão angariar nas próximas eleições, sem, em nenhum momento, prestarem atenção na relevância nacional.

A Amazônia é a nota promissória, o lastro brasileiro, entretanto, nem nos preocupamos de sentar em cima do nosso tesouro para ninguém pegar, afinal, ele é tão imenso, quem o poderia roubar? Não o usamos e deixamos o caminho livre para quem quiser usar. O projeto Calha Norte, direcionado à rápida colonização da Amazônia, urge, mas não se pode esperar milagres das nossas carentes Forças Armadas, é preciso mais. É necessário que se repense a situação amazônica, não só tendo em vista o desenvolvimento regional, mas sua contribuição efetiva à economia nacional, ao propiciar um novo direcionamento econômico, com o extrativismo inteligente de riquezas, que permitirá ao Brasil uma participação signiÍicativa no mercado internacional. Mais do que nunca, a Amazônia precisa receber uma visão empresarial dinâmica que dê progresso ao País e não cultive o atraso já existente, pois bem sabemos agora que a devastação da amazônia brasileira foi superestimada ao final da década de 80, com o único intuito de constranger e causar sérios embaraços ao Brasil, e assim atender as intenções pouco ecológicas e humanistas dos governos dos países industrializados da Europa e dos EUA, os quais são os verdadeiros predadores do planeta.

Está na hora de acordarmos. Se a Amazônia é nossa tratemos de cuidar dela, antes que dela algum malandro lance mão; depois, não adianta reclamar. Os russos também não acreditavam no fim da União Soviética, viram só no que deu? O que antes parecia ser só ficção virou fato.

Bia Botana é analista política

Um comentário:

  1. A Propósito do uso de bases colombianas pelos EUA, causando mal estar no governo brasileiro em 2009.

    Em termos de ameaça ao Brasil, o governo incomodou-se com a visão apenas da ponta do iceberg. Um acordo, que estabelece o limite de 800 militares e 600 civis norteamericanos em sete bases colombianas, distantes da fronteira com o Brasil, seria uma real ameaça? Ou apenas parte dela? Existem campos de pouso em outros vizinhos, inclusive no Paraguai, onde os EUA têm condições de montar bases de operações em poucos dias.

    Por que o governo não vê ameaça na existência de dezenas de imensas terras indígenas na faixa de fronteiras, criadas pelo Brasil sob pressão internacional e onde o índio é liderado por ONGs estrangeiras financiadas por potências alienígenas, inclusive os EUA? Organismos internacionais, ONGs e líderes mundiais não veem o índio como cidadão brasileiro e defendem a autonomia de suas terras.

    Do ponto de vista militar, as direções estratégicas que partem da Colômbia e vizinhos não são tão favoráveis quanto às oriundas do Atlântico, que incidem na Amazônia brasileira através da região guianense. Em termos geográficos as últimas evitam os Andes, são apoiadas diretamente por mar, não dependem tanto do apoio aéreo e estão bem orientadas para regiões de capital importância como a foz do rio Amazonas, Belém, Boa Vista e Manaus. Em
    termos políticos, existem vínculos atuais e históricos das Guianas com as antigas metrópoles européias, sempre interessadas nos recursos da Amazônia, grandes financiadoras de ONGs e aliadas dos EUA na OTAN.Seria difícil o beneplácito de vizinhos de raiz ibérica para usarem seu território a fim de agredir o Brasil.

    Por outro lado, dizem que os EUA não pressionam o Brasil. E precisam fazê-lo ou basta deixarem que os aliados europeus o façam por meio de ONGs financiadas? Isso é estratégia e Sun Tzu explica.

    General da Reserva Rocha Paiva

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