SEMENTES

Bem Vindos!

Sempre pensei que escrever é semear idéias.
Aqui vocês encontrarão as sementes que eu já plantei,
que germinaram, cresceram, deram flores e frutos.

Esse Blog é a semente dos frutos colhidos há muito tempo,
elas dormiram na escuridão por longos anos
e agora
eu estou a semeá-las novamente...,
para germinarem, crescerem, florescerem...
e um dia darem seus frutos.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

UM CANDIDATO MILITAR



Quarta-feira, 4/8/93

Um candidato militar

BIA BOTANA


As eleições de 1994 estão próximas e o Brasil, por conta, já está virando de ponta-cabeça. Já há quem se apavore e diga que "as recentes nomeações de militares para cargos administrativos e ministeriais causaram sobressaltos e maus pressentimentos nos sensíveis analistas políticos". Será? Eu, como analista política, civil e mulher, portanto supersensível, não vejo as coisas bem assim, ao contrário, vejo que a postura revanchista de civis com militares começa, afinal, a chegar ao seu término, dando início a um tempo de parceria política, onde antigos inimigos são destituídos de velhos estereótipos em prol da imagem renovadora da amizade. Nada poderia ser mais saudável, tanto ao momenro político quanto à democracia brasileira.

A participação de homens de formação militar na política é um passo largo à real democracia, pois a carreira militar esculpe homens adequados para exercer comando e suportar responsabilidades, qualidades tão necessárias ao Chefe de Estado democrático. O melhor exemplo disso são os EUA. A grande democracia contemporânea possui, dos seus 42 presidentes, 25, ou seja, dois terços, que prestaram serviço militar nos vários ramos das forças armadas; um, Buchanan, prestou como soldado raso num grupo de voluntários durante a guerra de 1812. Bastante interessante é verificar que todos além dele alcançaram "status" de oficial, 11 o de generais. Alguns progrediram saindo das fileiras de recrutas. Três deles se tornaram comandantes de armas: Washington, Grant e Eisenhower. Na lista dos 11, o notável sucesso permitiu galgarem os degraus à escalada da presidência: Washington, Jackson, Willian Henry Harrison. Taylor, Pierce, Grant, Hayes, Garfield, Benjamin Harrison, Theodore Roosevelt e Eisenhower. A Marinha, por sua vez, deu aos EUA seis chefes executivos: Kennedy, Lyndon B. Johnson, Nixon, Ford, Carter e Bush.

Qualquer tipo de discriminação, portanto, que exclua militares de exercerem seus direitos democráticos é uma ignorância, ainda mais quando se refere aos da reserva. Impedi-los de participarem da vida política do País é sem dúvida uma violação imperdoável dos princípios que regem a democracia.

Se devemos temer algo, não são os militares com sua imagem de disciplina, integridade, moralidade, caráter e de grande credibilidade, que se no passado interviram nos caminhos políticos do País, sempre o fizeram atendendo ao apelo popular ou por ordem do Chefe do Estado. Devemos, sim, temer o perigo de um civil megalomaníaco, que venha a se tornar outro ditador como Getúlio Vargas, este sim fechou o Congresso por 9 anos e governou com poderes absolutos, e colocou a marca de seu poder pessoal em 24 anos do cenário político brasileiro. Getúlio foi um ditador, teve prerrogativas que jamais Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel ou Figueiredo reivindicaram durante o período de tutela militar. Se à luz da justiça histórica estes não podem ser chamados de ditadores, o que dizer dos democratas Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto, Hermes da Fonseça e Gaspar Dutra, todos militares?

Dos 31 presidentes brasileiros só 9 foram militares, ou seja, menos de um terço, e destes os últimos quatro acima citados chegaram ao poder através da força soberana do voto popular, e nada impede que tal feito venha a se repetir novamente, ao momento em que haja uma articulação política em torno de um nome de origem militar para candidato à Presidência nas eleições de 1994.

A possibilidade de um candidato militar não é remota, e torna-se a cada dia uma realidade mais presente. É certo que todos nós sairemos ganhando, Isso é democracia.

Bia Botana é analista política



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