SEMENTES

Bem Vindos!

Sempre pensei que escrever é semear idéias.
Aqui vocês encontrarão as sementes que eu já plantei,
que germinaram, cresceram, deram flores e frutos.

Esse Blog é a semente dos frutos colhidos há muito tempo,
elas dormiram na escuridão por longos anos
e agora
eu estou a semeá-las novamente...,
para germinarem, crescerem, florescerem...
e um dia darem seus frutos.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

ENERGIA NUCLEAR I







Quarta-feira,16/9/93

Energia nuclear I

BIA BOTANA

No princípio do século, o crescimento dos centros urbanos, em especial do Rio de Janeiro, então Capital Federal, teve um alto preço - febre amarela, cólera, varíola e peste bubônica. Para erradicar as chamadas doenças de cortiços cientistas como Oswaldo Cruz, Adolfo Lutz e Carlos Chagas se dedicaram à biologia e à medicina. O átomo, coqueluche científica mundial, em razão disso, chegaria tardiamente ao Brasil, introduzido por ningém mais que Albert Einstein, convidado da Academia Brasileira de Ciência (RJ) em 1925. Não obstante, só em 1934, criada a Universidade de São Paulo (USP), foram implantados os primeiros aceleradores de partículas. César Lates daria, muitos anos depois, renome internacional aos físicos brasileiros com a descoberta do "neutrino", em 1948, em Berkeley, nos EUA.

Muitos são os motivos para a lentidão marcante do desenvolvimento científico-tecnológico brasileiro e o principal se encontra no arraigado complexo de colonizado, como verificaremos a seguir. No princípio do processo de industrialização, o Brasil adotou o caminho mais fácil, importando toda a maquinaria necessária para erguer seu parque industrial, primeiro da Inglaterra, depois da Alemanha e dos Estados Unidos, sem adquirir, a qualquer tempo, tecnologia. A oligarquia da "velha república", resistente a mudanças na sua economia agro-exportadora cafeeira, jamais pensou em investir um réis (centavo) em pesquisas para obtençáo de tecnologia própria de novos produtos ou de novos processos, que dariam uma participação maior no nascente mercado industrial internacional.

A parceria Brasil-Inglaterra, um período de prosperidade fácil e enganosa, durou até meados da década de 20, quando, após a 1a Guerra, a hegemonia inglesa passou a ser enfraquecida pela crescente presença norte-americana e pela agressiva política externa da Alemanha nazista. A parceria com os EUA causaria a derrocada do café, com o "crash" da Bolsa de Nova York, em 1929, e também motivaria a Revolução de 30. Foi a astúcia de Geutúlio Vargas para manoúrar os interesses antagônicos de germânicoa e norte- americanos que patrocinou a construção da Companhia Siderúrgica Nacional – financiada peios EUA –, pronta em 1946, e que deu ao país infraestrutura para sua própria indústria mecânica. O Brasil chegava aos anos 50 tendo perdido sua condição agroexportadora, não se tornara plenamente industrial, mas dera o primeiro passo para sua independência econômica.

Foi também Getúlio que, em 1952, proibiu a importação de peças que já fossem produzidas no País, para obrigar as empresas estrangeiras a construírem fábricas no Brasil, situação que deu origem à indústria de autopeças. Restava o problema energético, já que importávamos todo o petróleo usado no país, gerando uma grandiosa dependência dos humores internacionais. Os grandes trustes internacionais exploravam o petróleo pagando royalties e impostos, mas faziam  do petróleo o que bem queriam, e, o mais grave, podiam decidir quando e onde novos campos entrariam em produção. Sem parceria, já que os EUA se empenhavam na reconstrução da Europa, visando seu mercado, e o Brasil não incomodava mantendo-se imparcial quanto à guerra fria, nasceu forçosamente, em 1953, a Petrobrás.

Apesar de Hiroxima e Nagasaki, a corrida nuclear internacional se mantinha em busca da preciosa energia. O Brasil, apesar de seu atraso, contava com as pesquisas solitárias da USP, que em 1958 instalou o primeiro reator nuclear da América Latina. No ano de 1961, o Brasil assinou convênio de cooperação com a Comunidade Européia de Energia Atômica, e, logo depois,.o projeto de Jacques Panon e Argus Henrique Moreira de um acelerador nuclear se concretizava (1963): O Brasil começava a pensar num esforço grandioso de poucos para tirá-lo de sua cultura colonial.

Bia Botana é analista política

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