SEMENTES

Bem Vindos!

Sempre pensei que escrever é semear idéias.
Aqui vocês encontrarão as sementes que eu já plantei,
que germinaram, cresceram, deram flores e frutos.

Esse Blog é a semente dos frutos colhidos há muito tempo,
elas dormiram na escuridão por longos anos
e agora
eu estou a semeá-las novamente...,
para germinarem, crescerem, florescerem...
e um dia darem seus frutos.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

ELEIÇÕES PARTIDÁRIAS



Jornal de Brasília

Quinta-Feira, 6/1/1994

Eleições Partidárias

BIA BOTANA

Nós chegamos em 1994 e esse ano será de importância política incalculável ao Brasil. Nós termos eleições conjuntas à Presidência da República, ao Poder Legislativo, aos governos e assembléias legislativas Estaduais. O que significa isso? Significa que haverá uma renovação dos quadros politicos de maneira nunca vista anteriormente. Será inevitável que nessa circunstância ganhem relevância dentro do processo eleitoral as prefeituras e câmaras municipais; por constituirem a base da estrutura piramidal política se tornam forças virtuais e decisivas dos rumos dessas eleições, cujo apoio se torna imprescindível a todas candidaturas. 

A consequência desta inusitada situação merece especial análise. Nós devemos começar a compreendê-la através das chamadas "dobradinhas", resultantes da formação de chapas eleitorais, que reúnem num mesmo esquema de campanha candidatos a deputados estaduais e federais, governadores e à presidência, e que buscam induzir o voto em direção a um apoio partidário, de modo que, apesar de existir o voto num nome, este também carregue a eleição de outros nomes do partido constantes no poderoso "santinho", o folheto de campanha, arma eficaz das eleições. Em decorrência disso, surge como efeito preponderante um novo fato no quadro eleitoral de 1994, que é a necessidade premente do fortalecimento dos partidos, sim, pois é certo que essas eleições serão sobretudo partidárias, onde os pequenos partidos não terão vez. Será uma luta de gigantes? 

O sucesso nessas eleições não será só ganhar a Presidência da República, tem mais profundidade. O verdadeiro suceso será obtido pelo partido que conseguir preencher maior número de vagas da pirâmide política. O partido que conseguir maior número de governadores e eleger maiorias nas assembléias legislativas estaduais e obter também maioria na Câmara e no Senado, e conseguir o coroamento com a Presidência da República, esse super-partido será o vencedor.

Não adiantará nada um partido ganhar a Presidência e não ter feito maior número de governadores –  pois, por tradição, desde o início da República nenhum Presidente conseguiu governar sem o apoio irrestrito dos governadores –, o mesmo se dando quanto ao Poder Legislativo, sem maioria partidária não há governo (que o diga Collor!).

Muito se fala do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva conseguir ser eleito Presidente, mas será que o PT (Partido dos Trabalhadores) conseguirá fazer a maioria da pirâmide política que sustente seu governo? Duvidoso, praticamente impossível. Não é de admirar que o PT ande ansioso em busca de coligações partidárias que fortaleçam a sua posição.

A corrida eleitoral de 1994 obedece ao velho e fora de moda princípio de esquerda-direita, socialismo versus capitalismo. Três líderes se definem já claramente: o PPR, como direita, o PT como esquerda e o PMDB, sem saber para que lado vai ficar, no centro. A força dessas lideranças, entretando, só será conhecida quando outros grandes partidos se definirem quanto a uma possível coligação. São eles: o PP, o PFL, o PSDB e o PTB. Por enquanto os partidos que possuem maior número de prefeituras são: o PMDB, o PFL, o PPR, o PSDB e o PDT, esses já possuem substrato para competirem e poderão ser os grandes definidores dos caminhos eleitorais de 1994.

O correto é o que só quando os partidos definirem claramente suas posições filosóficas e traçarem suas estratégias eleitorais é que poderão estabelecer suas coligações partidárias e partirem à disputa para qual partido ou coligação governará o País a partir de 1995.

Bia Botana é analista política e diretora geral do Cebrade (Centro Brasileiro de Desenvolvimento)



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