SEMENTES

Bem Vindos!

Sempre pensei que escrever é semear idéias.
Aqui vocês encontrarão as sementes que eu já plantei,
que germinaram, cresceram, deram flores e frutos.

Esse Blog é a semente dos frutos colhidos há muito tempo,
elas dormiram na escuridão por longos anos
e agora
eu estou a semeá-las novamente...,
para germinarem, crescerem, florescerem...
e um dia darem seus frutos.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O GOLPE DOS PLANOS



Jornal de Brasília

Quarta-feira, 2/3/94

O golpe dos planos

BIA BOTANA


Não sou economista, por isso pesquisei um pouco sobre essa obscura ciência para entender o que está acontecendo no Brasil. Encontrei no dicionário como primeira definição da palavra economia algo interessante que diz: "Organização de uma casa, financeira e materialmente". Fiquei entusiasmada, pois neste sentido entendo, como muitas mulheres, bem demais. A segunda definição se apresentou mais complexa, diz: "Conjunto das atividades de uma coletividade humana, relativas à produção e ao consumo de riquezas".

Descobri também que as raízes dessa ciência, nascida no século XVIII, se encontram nos estudos elaborados pelo médico francês de Luiz XV, François Quesnay (1694 – 1774). Ele elaborou uma doutrina chamada “Fisiocracia”, que quer dizer "natureza da riqueza", segundo a qual a atividade econômica estaria sujeita a fenômenos e dotada de leis naturais, como, por exemplo, a “lei da oferta e da procura”. Em sua obra “Tableau Economique”, o Dr. Quesnay lançou os fundamentos da ciência econômica. O mais interessante é que a idéia da economia como ciência surgiu de uma crítica, na época, aos controles impostos pela política mercantilista à atividade econômica.

Segudo a História, política e economia sempre andaram juntas. Foi a partir do Dr. Quesnay que essas duas atividades foram desassociadas, justamente nos primórdios do processo capitalista. Os fisiocratas foram os primeiros defensores do princípio "Laissez faire, laissez passer..." que seria adotado mais tarde pela Escola de Economia Clássica, fundada pelo escocês Adam Smith (1723-1790), pai do liberalismo econômico, que defendeu a ausência de qualquer intervençâo estatal na economia, uma clara separação entre as atividades política e econômica.

Curioso, se formos repassar a História do Brasil vamos descobrir que de maneira fascinante conseguimos desenvolver um capialismo “tupiniquim” totalmente subordinado ao Estado. Mais emocionante é observar que jamais, nunquinha mesmo, as atividades política e econômica se separaram, um estranho respeito aos tempos feudais. Em resumo, o processo político-econômico brasileiro é de um atraso civilizatório descomunal !

Os vários planos econômicos dos últimos anos, inclusive o atual, são prova da incompetência da sociedade brasileira para adotar uma ação contemporânea adequada ao padrão capitalista. Nenhum desses planos foi essencialmente econômico, sempre trouxe no seu bojo interesses políticos inescrupulosos, objetivando, além de manter o poderio estatal, assegurar o “statu quo” das elites.

Nisso tudo quem sai perdendo sempre não sao só os trabalhadores, mas também empresários; ambos pagam exorbitantes impostos injustos para um estado sustentar seu poder de intervenção econômica, a qual, sempre desastrosa, obriga esse à emissão de moeda sem lastro para cobrir os rombos financeiros do seu déficit, dando origem à chamada inflação, que por sua vez obriga o Estado a cobrar mais impostos. Um círculo vicioso onde inflação e impostos convergem a um mesmo significado: doar dois terços da riqueza produzida pela sociedade a um estado ganancioso, e ditatorial.

Todos os planos econômicos, por isso, até hoje foram um golpe do Estado contra a sociedade, uma manifestação autoritarista. Entretanto, é imperativo que nos lembremos sempre que sem povo não há sociedade, sem sociedade não há governo, logo, cada povo tem o governo que merece, pois este é o reflexo da sociedade. Uma sociedade que nada faz para mudar uma situação que lhe é aviltante e aceita, como se viciada, o paternalismo estatal, tal qual vem ocorrendo com a sociedade brasileira, e merece tarnbém o Governo que possui. Nesse caso, não há nem vítima nem vilão, mas sim conivência.

Bia Botana é analista política

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