SEMENTES

Bem Vindos!

Sempre pensei que escrever é semear idéias.
Aqui vocês encontrarão as sementes que eu já plantei,
que germinaram, cresceram, deram flores e frutos.

Esse Blog é a semente dos frutos colhidos há muito tempo,
elas dormiram na escuridão por longos anos
e agora
eu estou a semeá-las novamente...,
para germinarem, crescerem, florescerem...
e um dia darem seus frutos.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

COMPLEXO DE COLÔNIA




Jornal de Brasília

Quarta-feira, 11/5/94

Complexo de colônia

BIA BOTANA

Se os l0 anos que nos separam do movimento das "diretas-já" se assemelham a um piscar de olhos no tempo, pouco significarão os seis anos que faltam aos 500 anos do descobrimento do Brasil. Um Brasil que continuará em sua essência, sendo o mesmo que sempre foi: uma colônia dos poderes internacionais.

A História da nossa Nação foi escrita alicerçada no dito popular "me engana que eu gosto". Nesta terra nem mesmo o fato mais corriqueiro se caracterizou por ser um movimento próprio, nascido das aspirações populares. A própria independência não passou de uma farsa, resultado único da pressão internacional, servindo às disputas mercantilistas coloniais. Nos 172 anos que o Brasil deixou de ser nominado colônia, o contexto internacional não só influenciou mas definiu o destino da Nação.

Os laços históricos de submissão de Portugal à Grã-Bretanha foram a herança deixada por nossos colonizadores. A falsa discórdia entre o Império Britânico e sua ex-colônia norte-americana fez o Brasil participar do jogo de poder entre os dois pólos de domínio mundial anglo-saxão. Foi a partir desse jogo que o Brasil escreveu sua estranha História recente, que se tornou mais contundente a partir de 1920 com a entrada da influência comunista soviética, que na década de 30 espicaçaria abertamente os grandes interesses britânicos das rendosas companhias de serviços básicos: ferrovias, eletricidade, telegrafia etc. A ameaça de estatização comunista colocou em risco os dispendiosos investimeütos britânicos no Brasil, e em outras partes do mundo, e resultou na aliança entre ingleses e norte-americanos. O confronto entre a política anglo-saxônica e a política soviética seguiria por mais de meio século, e acentuou o complexo de colônia brasileiro submetido ferreamente à tutela anglo-saxã até 1989, quando esta foi aparentemente afrouxada. A experiência inesperada de liberdade fez o Brasil andar como barata tonta, sem objetividade e poder de decisão, e  demonstrou sua incompetência para determinar seu destino e ser independente.

Nada na sociedade humana se move sem o poder financeiro. Não há na História uma guerra ou uma revolução que não tenha sido subsidiada por razões econômicas. Só palavras não bastam e não venham dizer que Jesus revolucionou o mundo com palavras, se não fosse o fariseu Saulo de Tarso e o dinheiro da decadente sociedade do Império Romano o poderio do Vaticano jamais teria existido. O dinheiro move o mundo, e não há como contradizer isto.

A ingenuidade dos brasileiros irrita por exaltar a estupidez. O destino do Brasil não é nosso, e ponto. Vocês pensam que vamos escolher o próximo Presidente da República? Não, não vamos. É preciso ver quem vai receber dinheiro, ou apoio, de quem. Lá está Lula tomando a bênção dos EUA, até a Havard ele foi, dá para acreditar? Como ele, dentro em pouco, os outros candidatos farão sua "tournée" internacional para vender o Brasil lá fora. É certo que quem ganhar o aliado estrangeiro mais forte este será o vencedor; o digno representante dos poderes internacionais. Como bem disse Clinton (Bill Clinton, então presidente dos EUA): "Não importa se é de direita ou esquerda, importa o que fará no governo do Brasil". Para bom entendedor pouca palavra basta.

Quando eu fico deprimida com o Brasil, penso: Por que não acabamos com esse teatro e damos a quem se deve a responsabilidade de mais de 32 milhões de pobres brasileiros? Já que somos expoliados, de uma maneira ou de outra, que se dê sem tanto sofrimento, e assim possamos reivindicar nossos direitos humanos aos nossos eternos opressores. Já que somos incapazes de nos indignarmos, talvez seja melhor aceitar a realidade colonial do que compactuarmos com a mentira da independência. Chega de nos enganarmos!

Bia Botana é analista política

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