SEMENTES

Bem Vindos!

Sempre pensei que escrever é semear idéias.
Aqui vocês encontrarão as sementes que eu já plantei,
que germinaram, cresceram, deram flores e frutos.

Esse Blog é a semente dos frutos colhidos há muito tempo,
elas dormiram na escuridão por longos anos
e agora
eu estou a semeá-las novamente...,
para germinarem, crescerem, florescerem...
e um dia darem seus frutos.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

FORÇAS DESARMADAS II





Jornal de Brasília

Quarta-feira, 6/7/94

Forças desarmadas II

BIA BOTANA

No dia 11/5/93 o Jornal de Brasília publicou nesta página o artigo chamado“Forças Desarmadas”, onde defendi as reivindicações militares existentes na época. Passado, portanto, mais de um ano, revivo o mesmo tema, ainda surpreendentemente atual.

A partir de 93 foi crescente a menção das Forças Armadas na mídia, fosse em razão de fatos consistente ou de meras especulações. Muito se falou em golpe militar, devido à instabilidade política do país, assim comoem “militarização” do Governo", já que ocorreu a ocupação de altos cargos governamentais por pessoas de formação militar. É inegável que o presidente Itamar Franco buscou apoio para seu frágil governo nas Forças Armadas, tentando aplacar o claro descontentamento militar pelo destino de recursos, muito aquém das reais necessidades ao reequipamento bélico. Mas, o problema premente da área de recursos humanos ainda aguarda ser resolvido, perpetuando-se a remuneração desprezível que avilta com a humilhação um trabalho de extrema relevância à Nação. De que servirão as armas sem tropas?

É correto alegar-se que médicos, professores e outros servidores públicos também recebem salários vergonhosos, todavia estes não obedecem a um regime de dedicação exclusiva em tempo integral, nem estão sujeitos a movimentações frequentes e muito menos exercem atividades de risco como os militares. Não reconhecer o mérito da profissão militar demonstra total desconhecimento do sacrifício imposto ao dever constitucional atribuído às Forças Armadas, sempre prontas a atender ao chamado da Nação.

Há ainda quem diga que as Forças Armadas deveriam ter seu efetivo reduzido e profissionalizado para reduzir o custo com defesa. Não sabem que o sistema profissional tem um custo altíssimo e traria o fim do expressivo serviço educacional prestado por elas a camadas mais carentes da população, de onde sai a maioria dos 300 mil indivíduos que formam seu efetivo. Efetivo este que corresponde a só 0,128% da população brasileira, expressivamente menor se comparado aos existentes em outros países, entretanto é responsável, apesar de tâo reduzido, pela manutenção da paz em 15.700 km de fronteiras terrestres, mais de 8 mil km de costa e um espaço aéreo superior a 8,5 milhões de km2.

Em termos de gastos com a defesa, a posição do Brasil chega a ser ridícula. Enquanto os EUA destinaram 19,8% do seu orçamento de 93 à defesa, o Brasil que tem um orçamento muitas vezes inferior destinou apenas 2,56%. Tendo como base o PIB (Produto Interno Bruto), esses gastos represenram apenas 0,31%, muito distante do gasto de outros países da América Latina; Argentina 1,19%; Venezuela 3,40%; Bolívia 3,50% e assim por diante. Os gastos sob uma análise “per capita”são mais espantosos; o Brasil gasta US$ 6,79, a Argentina US$ 23,30, o Chile US$ 43,65 e a Venezuela chega US$ 80,77.

Frente aos dados acima apresentados, torna-se evidente a pobreza das nossas Forças Armadas., o que não impede que operem com alto nível de operacionalidade e profissionalismo nas Forças de paz da ONU e atuem nas inúmeras áreas conflitantes do mundo. Internacionalmente reconhecidas  em seu mérito, as Forças Armadas brasileiras não são valorizadas no solo pátrio. Os brasileiros não percebem que a humilhação salarial imposta aos militares é na verdade uma humilhação à Pátria por eles representada.

Continuo achando que a estabilidade de uma nação reside no seu poder bélico em tempo de paz. Você que lê este artigo, caso não existissem as Forças Armadas, teria coragem, se preciso fosse, de morrer pelo Brasil? É bem possível que não. Sendo assim, vamos valorizar aqueles que amam o Brasil muito mais do que nós, capazes de morrer pela Pátria, do mesmo modo que colocam suas vidas em defesa das nossas vidas.

Bia Botana é analista política







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